sábado, 14 de março de 2009

Bestiário para o regresso

Bestiário - tratado medieval, em prosa ou em verso, no qual se descrevem as características físicas e os costumes de animais, verdadeiros ou fantásticos, atribuindo-lhes, muitas vezes, significados algóricos ou morais.

Estamos de volta! As leituras têm andado um bocado desordenadas, já terminei o Bestiário há algum tempo... Na verdade é um pequenino livro de contos que se lê num instante (não, não ia recorrer àquele grande cliché «...lê-se de um fôlego...» ou «... não se consegue parar de ler...» que abundam nas capas dos livros) e sempre, ou quase sempre de boca aberta. Julio Cortázar escreve, neste livro, oito contos absolutamente desconcertantes. O mote – o bestiário – remete-nos logo para o realismo mágico tão típico nos sul-americanos, mas em vez disso, Cortázar surpreende-nos com um misto de fantasia e de surrealismo que nada têm de mágico. Mas o melhor destes contos é que também lá estamos nós, animais de estranhos hábitos, muitos preconceitos e grande dificuldade de comunicação e relacionamento com os outros. Como já se percebeu, é uma leitura cheia de surpresas, mas também de duplos sentidos e segundas interpretações. Abriu-me o apetite para o grande (assim espero) Rayuela.

Bestiário, Julio Cortázar, Publicações Dom Quixote, 1986, tradução de Joaquim Pais de Brito, n.º 7 da Biblioteca de Bolso Dom Quixote.

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