
Embora "Morte na Pérsia", seja apresentado ao leitor como um relato de uma viagem, é improvável não sermos arrebatados pela imensa tristeza e desespero que tomaram conta de Annemarie.
Tendo fugido de uma Alemanha nazi, não consegue encontrar na Pérsia a liberdade que tanto procura.
As montanhas, as planícies, os rios só lhe devolvem medo, o desejo da morte, um fim. Não há sossego entre as palavras que nos descrevem ruínas arqueológicas, noites quentes de Verão passadas entre copos de vodka e fumos de haxixe. Um amor impossível por outra mulher, galga as páginas, um anjo persa, também ele entregue à solidão, a saudade de Annemarie de casa, ou o seu desejo de querer voltar sabendo que não o pode fazer, são em suma maiores do que tudo o que nos é dito sobre o Monte Damavand, Rages, ou Teerão.
Assim, "Morte na Pérsia", vale pelo testemunho humano partilhado, pela forma como explana o sentimento de desespero e terror que pode invadir um viajante solitário isolado de tudo o que conhece.
"Morte na Pérsia", Annemarie Schwarzenbach, Tinta da China, 2008, 142 páginas, tradução de Isabel Castro Silva.